A mulher de vermelho
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Ilustração: Sara Miranda / Caça-fantasmas. Pra cego ver: desenho colorido de moça de longo vestido vermelho. Seus cabelos pretos são cumpridos, sua pele é branca, pálida, e seus olhos são completamente brancos. Semblante sério. O vento dá movimento a sua roupa e cabelo. |
Por Sávio Emanuel
(os nomes utilizados na matéria foram alterados).
O sítio Boa Vista fica localizado na zona rural de Assaré, município do sul cearense. A localidade é conhecida pelos seus rios e riachos, que emanam tranquilidade, sendo por isso o destino de muitos moradores da cidade nos fins de semanas e feriados. Mas, em meados da década de 60, uma nova personagem ganhou espaço na paisagem do sítio.
Os primeiros a falarem dela foram as crianças, mas ninguém deu a mínima. “Ah, menino não tem o que fazer, fica inventando coisa”. Mas logo depois alguns adultos passaram a descrever a mesma visão: uma mulher de vermelho, com uma criança aos prantos do lado. Ela sempre aparecia no mesmo lugar: próxima a um riacho bastante conhecido do sítio.
Com cada vez mais testemunhas da aparição, os moradores estabeleceram um padrão: ela sempre aparecia em dois horários específicos: no meio dia, ou ao entardecer, próximo às 18:00.
Ana Maria, à época com seus 20 anos, estava tomando banho no riacho quando avistou a mulher em suas vestes vermelhas. Ela correu desesperada, aos prantos, para casa. Chegando lá, relatou a aparição aos seus familiares.
Seu tio, Joaquim, não hesitou em desacreditar a história da jovem, a taxando de mentirosa. Não obstante, desafiou a si mesmo: “Amanhã vou tomar banho nesse riacho no anoitecer pra ver se essa mulher aparece”, afirmou descrente.
E Joaquim cumpriu sua promessa. Por volta das 18h ele chegou até o riacho para tomar banho. Estava sozinho, já que todos passaram a evitar o riacho naquele horário. Já tinha tirado as roupas, quando começou a ouvir um barulho já a muito descrito pelos moradores do sítio.
Começou com um choro de uma criança. O barulho se intensificou, e junto ao choro vinha uma voz de mulher resmungando, brigando com a criança. As duas vozes foram se misturando, até que de dentro dos matos surgiu uma profusão de besouros mangangás. Em meio aos besouros, a mulher com a criança.
Uma mulher, alta, com cabelos negros, e um inconfundível vestido vermelho. Naquele momento Joaquim saiu correndo, desesperado, em direção a sua casa. No aflição, não se lembrou nem de suas roupas, chegando em casa totalmente despido.
A descrição que ele fez da aparição foi totalmente compatível com a de todos os moradores que disseram ter visto a mulher de vermelho: brigando com uma criança, e cercada de besouros mangangás. Ninguém sabe até hoje quem era esta mulher. Alguns dizem que era o fantasma de uma mãe que matou seu filho debaixo de uma pedra, mas ninguém tem uma teoria definitiva.